sexta-feira, 8 de agosto de 2008

08/08/08


A data escolhida para a abertura das Olimpíadas de Pequim não foi por acaso, pois o número oito tem a pronúncia parecida com a palavra harmônia, sendo para os chineses, o "número da sorte".

Uma das cenas mais emocionantes da abertura se deu durante a entrada da delegação chinesa, que tinha como porta-bandeira o gigante de 2,29 m e um dos melhores jogadores de basquete da atualidade, Yao Ming.

Porém não foi o astro da NBA que emocionou o mundo, e sim o pequeno Lin Hao, um menininho de 9 anos que o acompanhava na condução da bandeira chinesa.

Lin Hao é sobrevivente do terremoto na província de Sichuan, em maio passado, e desde então é considerado um herói em seu país.

Ele era líder de sua sala e estava na escola durante o terremoto, onde junto de seus colegas de turma ficou soterrado por horas.

Mesmo na adversidade Lin Hao usou de sua liderança a fim de salvar sua vida e dos colegas, quando pediu para que todos cantassem com ele, de forma a facilitar a localização de sua turma pelas equipes de resgate.

A estratégia do pequeno deu certo, e os bombeiros conseguiram localizá-los e retirá-los dos destroços.

Lin ainda se recusou a ir para o hospital, pois queria levar os bombeiros até sua casa, a 7 km da escola, na qual estavam sua mãe e irmã, e onde só era possível ir a pé.

O pequeno herói chinês conseguiu ser maior que seu compatriota e astro do Houston Rockets, pois representa a memória das 90 mil vidas que se foram por causa do terremoto.

Outro momento marcante foi durante a entrada da delegação dos EUA, que trazia como porta-bandeira o sudanês e naturalizado estadunidense, Lopez Lomong.

Lomong é refugiado do Sudão, país africano que vive uma intensa guerra civil, de onde foi separado dos seus pais aos seis anos de idade para viver por dez anos em um campo de refugiados no Quênia.

Durante as olimpíadas de Sidney, em 2000, o jovem refugiado corria quilômetros para ver as apresentações do recordista mundial dos 200 e 400 metros rasos, Michael Johnson, em uma antiga TV preto e branco.

Desde então decidiu se inspirar no ídolo, e sonhou que um dia se tornaria um atleta como ele.

Lomong foi adotado por uma família americana e hoje é especialista na prova dos 1.500 m, onde conseguiu o índice olimpíco há um mês dos jogos.

Ano passado ele voltou ao Sudão para rever seus pais biológicos e os presenteou com uma TV colorida, para que pudessem vê-lo competindo em Pequim.

Na entrevista coletiva após a abertura de hoje, ele comentou:

"Comiamos frango duas vezes por ano, uma na páscoa e outra no natal, e dividido para dez pessoas. Venho aqui para servir de incentivo aos mais jovens."

Mais dois momentos mágicos dos Jogos Olimpícos, como as lágrimas do ursinho Misha em Moscow, 1980, e a chegada heróica da suíça Gabrielle Andersen-Schiess, na maratona das Olimpíadas de Los Angeles, em 1984.

Bruno Clementino
Integrante do PIPAS

Um comentário:

*Heliana* disse...

Linda abertura.Boas observações, como sempre.